sábado, 29 de janeiro de 2011

Um grande livro na praça. Opinião: Villas-Bôas Corrêa



Esta é a história singular de uma amizade epistolar entre o repórter e um ilustre personagem que atende pelo nome de Jorge Baleeiro de Lacerda, residente em Francisco Beltrão, no Paraná. Nunca trocamos um aperto de mão. E por algumas vezes estivemos a poucos metros de distância, numa das suas ruidosas entrevistas no programa de Jô Soares.
A ele coube a iniciativa da primeira carta, lá se vão seis décadas, se não me falha a memória. Coleciono as suas dezenas de cartas em robusto pacote que enche uma das gavetas da desta saleta em que batuco estas linhas.
Baleeiro não dá a menor importância à curiosa amizade sempre à distância.
Mas, esta semana fui surpreendido ao receber pelo correio o seu último livro e o primeiro de uma série que promete ir longe. Com a capa ilustrada em cores, Os Dez Sudoestes, com o sub-título de “Muito Antes e Além Depois” e o aviso de que se trata do volume 1 da série imprevisível.
Um grande livro de 184 páginas em edição caprichada em que conta as muitas histórias dos seus 35 anos de “viagens de estudos pelo Brasil com milhares de artigos publicados”, além do “Os Dez Brasis”, lançado em 1998 e com seis edições.
É um clássico de nascença, que deve bater recordes de venda em muitas edições, além do lançamento do próximo volume já anunciado.
E como é impossível tentar resumir não digo o livro, mas qualquer de seus capítulos, vou ficando no primeiro volume de “Os Dez Sudoestes” .
E começo prestando atenção na capa e especialmente na contracapa, com a foto em cores. Com a impertinência de insistir no conselho de que quem se interessa pelas singularidades deste país continental, várias vezes percorrido em todas as direções por este infatigável Baleeiro, com as suas duas safenas e o vigor de um maratonista, em 2008, em que “andou por todo o Sudoeste em busca das maiores árvores da Região, medindo uma canafístula de 30 metros de altura e dez de circunferência, pouco antes da cidade de Salgado Filho.”
Na pág. 31, o capítulo sobre “Os ervais selvagens do Sudoeste- 1″, Baleeiro registra que “neste ano completo 30 anos que escrevo regularmente para jornais.” Nunca mais parei. Nestes 30 anos, talvez tenha escrito uns 3 mil artigos. Nunca falhei uma semana sequer. Mesmo assim, ocorre com alguma freqüência encontrar artigos perdidos dentro de livros; em gavetas, sob pilhas de papel, ocultos em envelopes como o elaborado “Os Ervais Selvagens do Sudoeste do Parafina, que me demandou muita pesquisa, viagens a Barracão, a Santo Antônio. Lembro-me das caronas com o Professor Aloísio Antonio, então na Comfrabel, nos anos 76/77”.
E o lembrete curioso: “Nesta e na próxima semana, os leitores vão ler o artigo inédito que escrevi nos idos de 82/83 e que repousava em minha biblioteca em meio a milhares de papéis. As citações em castelhano são necessárias para dar a exata expressão do que desejou dizer Alfredo Varela:” O Paraná ainda não tem um “grande livro” sequer sobre os seus ciclos econômicos. Nenhum clássico sobre o Tropeirismo nem sobre o Ciclo da Erva-Mate. Nem do ciclo da madeira, já em fase terminal “.
Baleeiro tem uma boa história sobre “As potreadas da Coluna Prestes em Campo Erê (SC)”. Conta : “Há uns dez anos, pela primeira vez, andei pela, região de Campo Erê (SC), Rio Capetinga, juntamente com o fazendeiro João Neir Pontes Rocha, filho de Néri Rocha Loures e neto de Antonio Rocha Loures, cuja Fazenda São Vicente, em 1925, a Coluna Prestes invadiu (um eufemismo para saquear). Não se sabe bem se foram 200 ou 300 bois, talvez menos. A verdade é q ue o Rocha faliu. O gado gordo que levaria para uma charqueada em Passo Fundo, virou em grande parte,”churrasco” para a tropa revoltosa. O dono as fazenda fugiu para Clevelândia, que Prestes desejava tomar, mas não conseguiu”.


O mais no Os Dez Sudoestes, de Jorge Baleeiro de Lacerda.

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